quarta-feira, 6 de outubro de 2010

DONDEAIDÉIA


===APRESENTAÇÃO===



O MENINO DA PIPA
ESCRITO em poucos dias, Rabiola praticamente oficializou a coisa de brincarmos com a realidade do grupo. Já vínhamos fazendo isso em outros trabalhos, como em Gruni-hú, por exemplo – que foi reescrito várias vezes devido aos desfalques de elenco. Mas aqui nós fizemos isso de uma forma mais orgânica, fazendo com que os dois elos paralelos do grupo – nossa realidade e nossa ficção – se tocassem. A “brincadeira” começou quando fomos chamados para uma apresentação especial no espaço onde ensaiávamos, o CEU Feitiço da Vila. Tratava-se de um festival com os grupos da região, e seríamos o único a não participar, visto que o nosso desfalque era grave: Verônica, que participava de todos os trabalhos do grupo, estava de viagem marcada, e não poderia estar conosco. Naquele dia, passando algumas esquetes preparadas aleatoriamente, sem ligação alguma e sem espetáculo de base, uma das coordenadoras do festival viu um pouco do ensaio e nos sugeriu que mostrássemos aquelas esquetes. Me lembrei de que nunca havíamos feito isso na história do grupo, apresentar esquetes sem o compromisso de algo que as unisse. Na verdade, a idéia nunca me agradou muito. Foi quando uma que me agradava, e que o grupo também gostava, saltou-me à mente: costurar as esquetes, relacioná-las, de alguma forma, umas com as outras, dando-lhes uma base sustentável. Assim, uni algumas que a Verônica não participava e criei outras. Selecionadas, estava decidido. Uma delas não estava em meus planos, mas acabou ficando pr todos os outros membros do grupo quererem: As Dez Mais do Córtex Cerebral. O autor do texto é Cyrano Rosalén. Mas ainda assim acabou ficando. Nossa fragilidade como grupo e nossa força como pessoas estão todas expostas nesse trabalho. Criei o que chamamos de base do texto de acordo com o que vinha acontecendo. Duas pessoas vieram completar essa loucura: um ator que está sempre conosco e uma atriz de primeira viagem, que jamais havia subido num palco antes, e nem havia pensado em fazê-lo. O caráter do trabalho nos rende algumas possibilidades, e essa foi uma delas. Assim, Rabiola aconteceu, pela primeira vez em julho de 2009, e foi tão bem aceito pelo grupo, que queríamos todos mantê-lo no repertório. Mas a Verônica retornaria, e não havia papel para ela. Ficaria de fora? Acho que não. A “marinheira de primeira viagem” pegou outro barco, e o ator que “sempre está conosco” não estava mais. Assim, o texto foi modificado, e Verônica assumiu o personagem da assistente de direção (dentro a peça, entende?). Foi lhe dada como missão, distribuir rabiolas à platéia antes do início do espetáculo – fazia parte da concepção, lhe disseram. E virou a graça da coisa, pois ela – personagem – não gostara do preço das férias, e virou motivo de riso para os demais companheiros. Nossos nomes entram na real, mais ou menos dentro do que somos em grupo, salvo alguma exceção.  Uma estreante também esteve lá no festival e conosco continuou nesta versão. A jovem Gabriela estava, digamos assim... em estágio no grupo, nos ajudando nos ensaios de outro trabalho. Não, ela não estava preparada, e todos concordávamos com isso. Mas ainda assim, foi jogada em cena para nas duas versões de Rabiola, sempre em busca de sua cena de estréia, outra realidade com a qual brincamos.  Rabiola hoje é um trabalho divertidíssimo que adoramos fazer.E ironia do destino ou não, foi com ele, feito desproporcionalmente, de certa forma com uma deliciosa irresponsabilidade, e quase que repentino, que recebemos o primeiro cachê. É... quem sabe de quê, nessa vida, né? Vamos curti-lo agora? Dedicado aqueles que, mesmo de última hora, topam o desafio e trabalham. Aliás, trabalham muito,  muito mesmo.